Os Povos Asiáticos
A população do imenso continente asiático
corresponde a mais da metade do gênero humano. Nela estão representados
os principais troncos étnicos, que se distribuem pelo espaço continental
de modo muito complexo. Do ponto de vista antropológico, existem na
Ásia três grandes áreas claramente diferenciadas. De um lado encontra-se
o sudoeste asiático, ocupado principalmente por povos turcos, irânicos
ou iranianos e semitas. De outro se coloca o resto do continente, no
qual a cordilheira do Himalaia estabelece uma fronteira aproximada entre
duas grandes áreas antropológicas: no sul e no oeste, o mosaico étnico
da Índia e os países indianizados; no norte e no leste, as diversas
variantes do tronco racial mongolóide.
O interior da Ásia foi o núcleo primitivo de povos que, no decorrer dos
séculos, invadiram sucessivamente as terras do leste, do sul e do oeste
do continente. Refugiados em lugares montanhosos ou selváticos,
encontram-se remanescentes de povos muito antigos, sobreviventes em meio
às grandes massas humanas caucasóides (raças brancas) ou mongolóides
(raças amarelas). Os negróides da Índia, do Sri Lanka (Ceilão), de
Formosa (Taiwan) e da Insulíndia (ilhas a oeste da Nova Guiné, ao norte
da Austrália e ao sul do mar da China Meridional), assim como a ínfima
minoria branca do Japão, os ainos, entre a maioria de raça amarela,
atestam que as etnias mais numerosas e representativas da Ásia ocupam
suas atuais regiões físicas em conseqüência de migrações relativamente
recentes, em muitos casos posteriores à pré-história.
Os chineses
chegaram a seu atual território invadindo-o a partir da Ásia central.
Através da Coréia, os povos mongolóides ocuparam o arquipélago japonês.
Os povos arianos da Índia procedem das terras situadas no noroeste do
subcontinente. Birmaneses e siameses se deslocaram dos territórios
meridionais do Tibet e da China para o sul e o sudoeste. Turcos e
mongóis chegaram há apenas alguns séculos, em invasões procedentes da
Ásia central, aos lugares onde estão fixados atualmente. Povos
mongolóides originários do continente se estabeleceram nas grandes ilhas
da Insulíndia em épocas não muito remotas, onde se misturaram pouco a
pouco com as etnias primitivas. Todos os fluxos de população mencionados
fazem parte de um movimento centrífugo - do interior da Ásia para as
áreas costeiras e as ilhas - que se manifestou durante muitos milênios
no continente, embora tenham existido migrações de menor importância em
sentido contrário.
Sudoeste da Ásia - A região situada entre a
costa do Mediterrâneo e o mar Vermelho, a oeste, o rio Indo, a leste, o
oceano Índico, ao sul, e as estepes da Ásia central, ao norte, é
considerada o berço da civilização, já que em suas férteis terras
irrigadas foram praticadas pela primeira vez a agricultura e a
domesticação de animais.
Duas sub-regiões étnicas encontram-se
claramente diferenciadas. No norte, a sucessão de planaltos e
cordilheiras que constituem a península da Anatólia, as terras próximas
ao Cáucaso, o Irã e o Afeganistão é habitada fundamentalmente por povos
de estirpe indo-européia; povos irânicos vivem no planalto iraniano e no
Afeganistão, enquanto na Anatólia o elemento turco - de cujas
características raciais se falará adiante -, se superpõe a uma base
étnica mediterrânea. Na península arábica, ao contrário, a etnia
predominante é a semita, com grande maioria árabe e o pequeno enclave
hebreu de Israel.
Os povos turcos são recentes na região. Vieram
da estepe fria da Ásia central no começo do segundo milênio da era
cristã, empurrados pelas invasões mongóis. Mais tarde, misturados às
etnias mediterrâneas e armênicas que já povoavam a Anatólia, chegaram a
constituir a base étnica fundamental dessa península.
Povos do
Cáucaso - O Cáucaso é uma região etnicamente muito complexa, na qual, ao
lado de povos irânicos - como os curdos, que se estendem por zonas da
Turquia, Irã, Iraque e Síria -, coexistem turcos e tártaros, de
implantação posterior. Os povos caucasianos mais antigos apresentam
numerosas diferenças lingüísticas e culturais.
Desde épocas muito
remotas, o povo armênio, indo-europeu, habitava as zonas próximas ao
monte Ararat. Muito reduzida em sua região de origem, os armênios
habitam hoje, além da Armênia, países como a Geórgia, onde seus membros
vivem como imigrantes.
Hindustão - A complexidade étnica do
subcontinente indiano é proverbial. O sul da Índia é ocupado por povos
dravídicos, de pele escura mas com traços faciais muito semelhantes aos
dos europeus. O norte, ao contrário, é povoado por arianos
indo-europeus, de tez progressivamente mais clara no norte e no
noroeste, onde se observa o elemento irânico. Deve-se ainda levar em
conta a influência tibetana, que se faz sentir nas proximidades do
Himalaia, e a presença de relíquias de etnias primitivas, hoje quase
diluídas nas anteriores. Entre essas etnias estão os vedas das montanhas
do Sri Lanka e os grupos mundas das montanhas e selvas do continente.
Acredita-se
que as planícies do Indo e do Ganges tenham sido habitadas
primitivamente por povos mundas, enquanto os drávidas ocupavam toda a
península hindustânica. Povos dravídicos devem ter sido os criadores das
grandes civilizações do Indo, contemporâneas das mesopotâmicas. Em
meados do segundo milênio antes da era cristã ocorreram as arrasadoras
invasões arianas, que eliminaram quase por completo os mundas,
confinando-os às zonas mais inacessíveis, e pressionaram os povos
dravídicos para o sul, embora em muitos pontos se tenha produzido uma
fusão. No Sri Lanka, os arianos obrigaram os vedas a se refugiarem nas
montanhas. Muito mais tarde, uma minoria dravídica se instalou naquele
país insular.
Norte e leste do Himalaia - O tronco racial
mongolóide se caracteriza por traços físicos muito particulares: a pele é
amarelada, embora de tom muito variável; o cabelo é grosso, liso e
negro e a pilosidade facial e corporal, muito escassa. As extremidades
costumam ser relativamente curtas em comparação com o tronco. No rosto
destacam-se os pômulos salientes, o nariz achatado e os olhos, aos quais
a presença da característica dobra mongólica (epicanto) dá a aparência
de oblíquos.
Os povos de raça mongolóide ocupam majoritariamente a
Ásia, no norte e no leste do Himalaia. Do norte para o sul,
distinguem-se no continente asiático três sub-raças principais:
mongolóides do norte, do centro e do sul. Em geral, na sub-raça do norte
a tez costuma ser mais clara e a estatura e corpulência, superiores.
Insulíndia
- Os povos mongolóides do sul se estendem pelo sul do Tibet e da China,
Indochina, Insulíndia e Filipinas. Nas grandes ilhas, os povos
mongolóides se superpuseram aos habitantes primitivos, protomalaios, de
tez escura e cabelo crespo; com o tempo, confundiram-se as
características físicas de uns e de outros, o que resultou no tipo
racial malaio, de rosto achatado, lábios grossos e cabelo liso, além do
característico tom azeitonado da pele. Nas ilhas mais afastadas do
continente e menos povoadas ainda existem povos protomalaios: dayak de
Bornéu, igorot das Filipinas, batak de Sumatra etc.
Indochina - A
população que ocupa as planícies do Vietnam é de características raciais
mongolóides e de civilização chinesa. Nas montanhas, ao contrário,
vivem povos mongóis no norte e proto-indochineses, de cor acobreada, no
sul. O Camboja é habitado por povos khmer, muito indianizados.
No
começo da era cristã, as fronteiras meridionais dos povos mongolóides só
chegavam até as planícies do norte do Vietnam. Os birmaneses e
tailandeses desceram do Tibet e do Yunnan, no sul da China, até ocuparem
seus atuais territórios, respectivamente Myanmar (Birmânia) e
Tailândia, depois do século XI.
Povos mongolóides do centro:
China, Japão, Coréia. O Extremo Oriente caracteriza-se pela grande
homogeneidade étnica. A população é de raça mongolóide, com as pequenas
exceções do enclave japonês dos ainos e de alguns povos de pele escura
das montanhas de Formosa. Supõe-se que os ainos sejam descendentes dos
primitivos povoadores caucasóides que ocuparam as ilhas japonesas numa
migração pré-histórica e foram artífices da antiqüíssima cultura Jomon.
Invasões mongolóides procedentes da Coréia teriam completado a atual
configuração étnica japonesa, poucos séculos antes da era cristã.
A
influência da cultura chinesa foi predominante nessa região. Além
disso, por sua posição geográfica, a China serviu de ponte entre o Japão
e a Coréia e o resto do continente, transmitindo-lhes, entre outros
elementos de cultura, o budismo. No plano lingüístico, porém, o japonês e
o coreano constituem um bloco claramente diferenciado.
Ásia
central - A extensa região de estepes e desertos que se estende pelo
coração do continente, do mar Cáspio até a Manchúria, é habitada por
duas etnias principais: no oeste, o Turcomenistão russo e chinês é
território de diversos povos turcos, quirguizes, usbeques, turcomanos,
tártaros e outros. A etnia turco-tártara, ou turaniana, caracteriza-se
pelo rosto largo e os pômulos salientes, pelo que foi freqüentemente
incluída entre as etnias mongolóides. Contudo, os turcos carecem de
dobra epicântica nos olhos e têm mais pêlos faciais e corporais do que
os mongolóides. Essas características justificaram a tese que afirmava
ser a turaniana uma etnia de contato entre os grandes troncos raciais
mongolóide e caucasóide.
A parte oriental da Ásia central, a
Mongólia e, ao sul, o planalto do Tibet são habitados por povos
mongolóides. Os do planalto tibetano têm pele mais escura que a dos
chineses e em muitos casos seus olhos carecem de epicanto. Com
freqüência apresentam traços pré-mongolóides, sem dúvida herdados de
etnias menos diferenciadas que a mongolóide propriamente dita, dentro da
qual se subsumiram.
Ao longo dos séculos, turcos e mongóis foram
povos pastores nômades que, graças à domesticação do cavalo, tinham
grande facilidade de deslocar-se em massa por milhares de quilômetros,
através das estepes. Em repetidas ocasiões, esses povos invadiram o
império chinês pelo sul e pelo leste, os impérios persa e bizantino pelo
oeste e também o norte da Índia.
Povos da Sibéria - As condições
rigorosas do clima siberiano tornam pouco apropriados à fixação humana
os territórios do norte da Ásia. Mesmo assim, a Sibéria tem sido
povoada, ainda que escassamente, desde o fim da última glaciação.
A
maior parte da população siberiana, concentrada nas cidades e nas
redondezas das vias de comunicação, é russa, chegada da Europa nos
últimos 150 anos. No entanto, são muitos os povos nativos que ainda
persistem. Os mais numerosos são os samoiedos, que ocupam o noroeste da
Sibéria; os tungues, povos que provavelmente tiveram origem nas margens
do lago Baikal, e os iacutos, do grupo turco, chegados da Ásia central
em épocas relativamente recentes. No extremo leste da Sibéria vivem os
povos mais antigos da região, os paleossiberianos, de caracteres étnicos
mongolóides pouco diferenciados, junto com os esquimós do mar de
Bering.
Os povos manchus, aparentados com os tungues, são hoje uma
minoria em seu país, a Manchúria, majoritariamente habitada por
imigrantes chineses.
Um comentário:
professor vai cair na prova sobre Os Povos Asiáticos e O Milagre Japonês?
obrigada Eduarda Martins 8-ano 7-serie. Vespertino
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