domingo, dezembro 02, 2012

Crônica do Dia! Como punir aqueles que nos punem?



Como punir aqueles que nos punem? 

Uma dúvida cruel me aflige hoje. Se um Policial Militar nos aplicar uma multa por não utilizar o cinto de segurança quem vai multar o "Seu Guarda" pelo mesmo delito infracional, considerado grave pelos órgãos reguladores do trânsito de nosso país? Deveras hipocrisia daqueles que tinham que ser o exemplo de conduta moral e ética. Vivemos em uma sociedade livre e democrática, numa luta intensa contra a criminalidade, onde a Polícia está investida da função de proteger e promover liberdades e direitos individuais, consequentemente o aperfeiçoamento da Democracia e do Estado de Direito, dentro da Legalidade. Agora, como poderão estes aplicar a lei se não às cumprem? São nestas "pequenas" práticas que percebemos o quão distante do cumprimento da lei estão nossas principais instituições.  Quanto mais o tempo passa, pior motorista nos tornamos. Investimos todo nosso orgulho no pedal direito do carro... Nossos jovens se tornaram cada vez mais irresponsáveis, nossa paciência no dia-a-dia é cada vez menor e estamos cada vez mais próximos do autoextermínio, pois a cada ano batemos recordes e mais recordes de mortes no trânsito e, infelizmente muitas delas por pura falta de educação. Parece que pedir uma passagem ou dar uma seta virou crime. Aliás, este tópico é interessante. Em um país onde os jogos de azar estão proibidos há quase duas décadas, o próprio Estado constrói e nos empurra seus caças níqueis (pardais) goela abaixo e sem água para facilitar o troco e a descida. São 40 milhões investidos por ano em pardais e 2 milhões em educação no trânsito, ou seja, uma  inversão sistemática e estranha de valores. Só gostaria de ver investida a grana de um pardal em computadores para a rede pública de ensino. Tenho certeza que teríamos menos mortes em nosso trânsito. Pode-se perceber uma notória similaridade entre esta prática e o discurso de Foucault quando o mesmo assevera que para entendermos o Estado é essencial compreendermos as engrenagens do Poder que permeiam uma sociedade, que coloca as instituições criadas pelo Estado como elementos formais de controle social, produzindo relações de dominação, punitivas e criam saberes e verdades que disciplinam a população a partir de seus interesses e perspectivas. Não é a dúvida que se apresenta como cruel, e sim o poder ausente, inóspito e indecifrável que a democracia supostamente dá ao povo, na assepsia da palavra: poder e povo não comungam a mesma esfera social. E nos resta à dúvida. Como punir aqueles que nos punem?

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