Guardas da Coreia do Sul a postos em frente à fronteira com a Coreia do Norte. Foto: Chung Sung-Jun/Getty Images
Além da eleição do novo papa, assunto que ocupou as manchetes de jornais em todo o mundo e já foi tema de post por aqui há algumas semanas, a Coreia do Norte teve bastante destaque nos últimos dias.
No começo de fevereiro, o país confirmou seu terceiro teste nuclear e
disse que ele teve “maior nível” que os anteriores, feitos em 2006 e
2009. No mês anterior, o regime de Kim Jong-un já havia ameaçado
realizar esse teste como resposta à resolução tomada pelo Conselho de
Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que ampliou as sanções
ao país comunista como castigo pelo recente lançamento de um foguete de
longo alcance. A ação foi qualificada pelo governo norte-coreano como
uma medida prática para fazer frente às “hostilidades” dos Estados
Unidos, país que há alguns dias o líder norte-coreano chamou de “inimigo
jurado” (leia mais aqui).
A ONU classificou isso como uma “ameaça” e abriu a porta para novas
sanções. Além dessas, a União Europeia aplicou as suas, que incluem o
veto à exportação de certos componentes que possam ser utilizados na
fabricação de mísseis. Em resposta, a Coreia do Norte declarou o fim do cessar-fogo com a Coreia do Sul
(a guerra entre os dois países nunca acabou de vez) e esta, por sua
vez, iniciou exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos.
Para completar, a ONU reiterou suas já conhecidas denúncias de que o
governo norte-coreano tem violado os direitos humanos da população e
pediu maiores investigações. Entre os abusos documentados estão a crise
alimentícia por causa das políticas de distribuição de alimentos
controladas pelo Estado, que provoca imensos níveis de desnutrição, a
restrição à entrada de assistência humanitária internacional, o uso da
tortura e penas cruéis impostas a quem for considerado hostil ou
contrário à ideologia oficial do governo. Em maio de 2011, a Anistia
Internacional divulgou imagens de satélite que mostram o crescimento dos
campos de prisioneiros políticos no país; a organização estima que lá
trabalhem 200 mil pessoas em condições de escravidão. (Dica: para ler
mais sobre isso – e treinar o inglês – veja este relatório da Anistia Internacional, que também apresentou acusações.).
Não se sabe o futuro das tensões na região e é bom ficar de olho no
noticiário. Mas, para entender bem o que está acontecendo, é preciso dar
uma olhada na história dos dois países. As informações a seguir foram
tiradas do Almanaque Abril (disponível aqui).
A divisão das Coreias
Segundo a lenda, no século anterior à Era Cristã, a atual península Coreana foi dividida em três reinos: Silla, Koguryo e Paekche. Nos séculos seguintes, o território foi disputado por chineses, mongóis, japoneses e russos. Em 1910, o Japão anexou a região e tentou suprimir a língua e a cultura coreanas. Na Segunda Guerra Mundial, milhares de coreanos foram levados para trabalhos forçados no país e em países sob seu domínio. Mas o Japão teve de se render em 1945, e a península Coreana foi dividida em duas zonas de ocupação pelos vencedores da guerra: uma norte-americana no sul, e outra soviética no norte, correspondendo ao antagonismo da Guerra Fria. Em 1948 são criados dois Estados: Coreia do Norte e Coreia do Sul.
Segundo a lenda, no século anterior à Era Cristã, a atual península Coreana foi dividida em três reinos: Silla, Koguryo e Paekche. Nos séculos seguintes, o território foi disputado por chineses, mongóis, japoneses e russos. Em 1910, o Japão anexou a região e tentou suprimir a língua e a cultura coreanas. Na Segunda Guerra Mundial, milhares de coreanos foram levados para trabalhos forçados no país e em países sob seu domínio. Mas o Japão teve de se render em 1945, e a península Coreana foi dividida em duas zonas de ocupação pelos vencedores da guerra: uma norte-americana no sul, e outra soviética no norte, correspondendo ao antagonismo da Guerra Fria. Em 1948 são criados dois Estados: Coreia do Norte e Coreia do Sul.
Em 1950, os norte-coreanos invadem o sul. A ONU envia tropas,
formadas principalmente por soldados norte-americanos, que contra-atacam
e ocupam a Coreia do Norte. A China entra na guerra e, em 1951,
conquista Seul, a capital sul-coreana. Nova ofensiva dos EUA empurra as
tropas chinesas e norte-coreanas de volta ao paralelo 38 – a linha que
separa as duas Coreias. Mais de 5 milhões de pessoas morrem em três anos
de guerra, sendo que pelo menos 2 milhões são civis. A trégua assinada
em 1953 cria uma zona desmilitarizada entre as duas Coreias, mas a
guerra nunca foi oficialmente terminada.
No fim dos anos 1990, as Coreias ensaiaram uma aproximação: a crise
econômica do Norte, cujo efeito mais dramático é a escassez de
alimentos, o torna dependente de ajuda humanitária do Sul. O avanço do
programa nuclear norte-coreano nos últimos anos, contudo, prejudica o
processo de paz. Os dois países chegam à beira de um conflito em 2010,
quando os norte-coreanos bombardeiam um navio e uma ilha da Coreia do
Sul. Isso deflagrou um dos mais graves atritos entre os dois países
desde o armistício de 1953.
Coreia do Norte: “Eixo do Mal”
Em 2002, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, incluiu a
Coreia do Norte, junto com Iraque e Irã, no grupo que chamou de “eixo do
mal” – uma lista de países que apoiam organizações terroristas ou
produzem armas de destruição em massa. No mesmo ano, a Coreia do Norte
inaugura uma zona industrial especial em Kaesong, onde empresas
sul-coreanas se instalam e empregam a mão de obra norte-coreana. A
instável relação entre os dois países, contudo, ameaça esse arranjo.
Pyongyang também passa a liberar a atuação de comércios privados
restritos.
Coreia do Sul: da ditadura à democracia
O Estado sul-coreano surgiu em maio de 1948, quando a zona ocupada
pelos Estados Unidos (EUA), na metade sul da península, se torna um país
independente sob a liderança do nacionalista Syngman Rhee. Em 1950, a
nova nação é invadida pela Coreia do Norte, dando início à Guerra da
Coreia, que dura até o armistício de 1953. Rhee permanece no poder até
1960, quando renuncia em meio a acusações de corrupção. Seu sucessor,
Chang Myon, é deposto em 1961, em um golpe militar chefiado pelo general
Park Chung Hee. Em 1972, após ser confirmado no cargo por eleições
consideradas fraudulentas, Park instaura uma ditadura militar.
A era Park, na qual o autoritarismo coexiste com a modernização
industrial, termina com seu assassinato, em 1979. Um mês depois, o
general Chun Doo-Hwan lidera um golpe militar. Novos protestos, em 1987,
obrigam Chun a convocar eleições diretas para a escolha de seu
sucessor. O candidato governista, Roh Tae Woo, vence e, em 1992, faz de
seu sucessor, Kim Young-Sam, o primeiro presidente civil depois de 30
anos. Em 1994, agrava-se a tensão com a Coreia do Norte, diante da
recusa do vizinho em permitir a inspeção internacional de seus reatores
nucleares. A crise é encerrada com um acordo promovido pelos EUA.
Veja também:
- Simulado: Treine seus conhecimentos sobre as Coreias
- Coréia: Guerra inacabada
- (Via Mundo Estranho) O que foi a Guerra da Coréia?
Fonte: Guia do Estudante
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