Mini Crônica do Dia ~
"Dizem que ela existe pra ajudar, dizem que ela existe pra proteger"
por Professor Flávio Bueno
Acho engraçado certas perspectivas neste país... Cômico para não dizer trágico. Hoje, um dos alvos dos protestos é a violência policial. Este que pode receber rojões, sinalizadores, pedradas, cusparadas e afins, e, ainda sim, serem os vilões de todo este processo. Agora, a mesma polícia que hoje é alvo, eram heróis no processo "bem sucedido" de pacificação das favelas cariocas, trabalho este que não se cansa em receber prêmios de projetos de segurança pública no planeta, sendo comparada, inclusive, com o processo de pacificação dos guetos de Nova Iorque. Aliás, quando o filme Tropa de Elite (recorde de bilheteria do cinema nacional) todos construíram um esteriótipo de herói nacional na figura do Capitão Nascimento e da repressão policial contra o poder do tráfico, personagem idolatrado por crianças, adolescentes, adultos, pobres e ricos. Agora pedem a desmilitarização da polícia, tem como alvo o Bope, que pode ver seus soldados morrendo a esmo por bandidos e não podem imprimir a sua participação no processo de geração de um ambiente seguro para os cidadãos de bem. Há violência desnecessária, exageros, milícias, etc., que precisam ser combatidos com severidade. Mas, nunca vi Direitos Humanos lutando contra a violência de algo que não gere mídia. Não vejo o trabalho dos Direitos Humanos no dia-a-dia das pessoas normais, acometidas por uma violência social, cultural e psicológica cada vez mais dramática e incisiva aos mais desprovidos. Mas, quando temos a mídia envolvida a participação é efetiva e algumas vezes totalmente parcial e intransigente deste órgão criado para proteger os seres humanos, e vale o lembrete que apesar da farda o policial ainda não é um E.T, pelo menos que eu saiba. Mas, quem sabe esta seja uma visão neblinar de minha parte. Acredito, notoriamente, que excessos precisam ser investigados. Mas, daí projetar uma desmilitarização da polícia, achando que a sociedade por si só é capaz de gerar a sua própria segurança é de uma ingenuidade, de uma utopia, que beira a ridicularização, uma ignorância forçosa, típica de culturas moldadas aos interesses daqueles que não se preocupam com o pobre, o negro, os que são obrigados a entrar na criminalidade por uma convenção social, ou ainda, os que morrem de bala de escopeta, que geralmente não vem da polícia, e que sustentam a fome feroz das necessidades de abastecimento dos filhos de uma oligarquia, sedentas pelo "pó", "balas", "doces" e "baseadinhos" que alegram suas festinhas, baladinhas, micarês, carnavais fora de época, raves e eventos sociais em que a juventude brasileira transgride certas regras básicas de convívio social, mas que não podem ser combatidas, pois, neste contexto, estamos bem próximos de um anarquismo de elite, tão antigo, tão retrogrado e inútil que nem seus inventores os julgariam procedente. Este pseudo anarquismo, desnecessário e inexoravelmente vil, emana suas balas de fuzil, matando inocentes, contudo, lembre-se que nem sempre quem aperta o gatilho usa farda, muitas vezes não. Evitemos o senso comum que encobre, com uma nevoa típica de queimadas savanais as nossas mentes e nos fazem alvo de manobras que acobertam os verdadeiros antagonistas da sociedade brasileira. A proteção social, função primordial a cargo da polícia, depende, sobretudo, da necessidade de proteção das nossas próprias congruências e perspectivas que apagam nosso senso moral e ético e tornam nossa sociedade um campo de deploráveis intrigas e interesses. Quando estas ideias forem modificadas talvez tenhamos uma polícia e uma sociedade semelhante a do filme Demolidor, antes do Wesley Snippes ser descongelado, aparecer e tornar a cidade utópica de San Angeles um lugar normal e bem próximo da normalidade, afinal de contas o problema não é como a policia age e sim como o ser humano é construído moralmente. A polícia não é a causa geradora das transgressões sociais. É apenas consequência de uma sociedade habituada a transgredir.
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